segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Até seu fantasma era mais de uma pessoa...











"Even his ghost was more than one person", é uma das primeiras falas presentes no filme "I'm Not There (Eu Não Estou Lá), do diretor Todd Haynes, que aborda a vida e obra, ou talvez seja melhor dizer, as vidas e as obras do cantor e compositor americano Bob Dylan.





Logo de início, em uma das primeiras cenas, há um cadáver de Dylan exposto ao corte de um bisturi; é uma incisão em sua complexa e multifacetada vida e obra, que revela as constantes de abandono e renovação da carreira de Dylan. Para tanto, 6 atores diferentes são necessários, cada um abordando uma fase diferente de sua carreira. O destaque nas atuações é de Cate Blanchett, que interpreta o momento em que Dylan adere à guitarra elétrica, abandonando o folk praticamente voz e violão do início da carreira. Esse é o momento em que Bob Dylan está quase lá, tal é a proximidade de Blanchett com o Dylan daqueles tempos, representando seus trejeitos, feições e idiossincrasias, sem mencionar a semelhança física entre ambos.


Outra peculiariade do filme é que o nome de Dylan nunca é citado. Cada personagem possui um nome diferente. Salvo engano, isso ocorre por questões de direitos autorais. Todavia, o fato dos personagens não se chamarem nunca Bob Dylan reforça a idéia de que ele não está lá e ainda dialoga com o universo cultural e intelectual do compositor, como vemos nos personagens Woddie Guthrie e Arthur Rimbaud, mais explicitamente.








Assim, Eu Não Estou Lá, é um belo diálogo, de várias alegórias e intertextualidades, com o universo de Bob Dylan. Contudo, Bob Dylan não está lá, ou está por um curto período de tempo. É impossível capturá-lo por completo, porque é sempre fugidio, avesso a continuar sempre o mesmo, a utilizar sempre as mesmas formas e os mesmos conteúdos em suas canções, por mais que isso lhe renda críticas ou acusações de traição.



Portanto, nesse curto post, que não cobre nem um terço das discussões expostas no filme, fica a indicação do filme e, é claro, das canções deste que é um dos meus poetas-músicos preferidos.



Aproveitando o momento, gostaria de esclarecer que pretendo tentar uma abordagem mais leve do blog, tanto dos assuntos, quanto de suas abordagens. O aprofundamento das discussões pode sempre ocorrer nos comentários, o que será um prazer para mim.



Por hoje é só, espero que gostem, do filme e do post, mais do filme que do post.



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