Como os leitores já perceberam não sou um bom blogueiro; faço postagens esporádicas, com nenhuma assiduidade. Havia até pensando em abandonar o blog. No entanto, notei que há quem leia esse espaço, assim decidi tentar continuar.
Vou voltar com dois posts, em razão do seu tamanho. O primeiro é um poema sobre o pensador marxista alemão Walter Benjamin. Decidi escrever esse poema em razão da trajetória pessoal e intelectual desse autor. Por ser judeu, Benjamin sofreu a barbárie do nazismo em seu país. Em uma tentativa de exílio, se não me engano nos Estados Unidos, Benjamin se mata na fronteira com a França, após receber a notícia do fechamento da fronteira, o que quase certamente lhe renderia a captura pelos nazistas.
Antes de morrer, Benjamin nos legou um dos textos mais belos, tanto teórica quanto esteticamente, sobre o conceito de História, no qual ele estabelce uma relação bastante incomum na filosofia marxista, entre o materialismo histórico dialético e a teologia judaica. Recomendo muitao a leitura das Teses sobre o Conceito de História, que estão publicadas no livro Obras Escolhidas volume 1.
Sobre as teses é interessante a leitura de uma obra de Micheal Lowy: Walter Benjamin: Aviso de Incêndio, no qual o autor comenta e interpreta tese por tese, esclarendo as imagens elaboradas por Benjamin.
Por fim, antes do poema, é interessante falar de uma curiosidade citada pelo Lowy no início do livro. Houve a possibilidade remota da vinda de Walter Benjamin para o Brasil, como docente de literatura alemã da USP. Infelizmente, não recebemos o pensador aqui, mas recebemos sua obra. O poema é uma singela homenagem.
A História precede o
Tiro - experiência da miséria -
Que invande à frente,
À fronte
A têmpora
Daquele que reflete o
Tempo
Rememorado.
No torso do tornado,
Ruínas sobre Ruínas
E um aviso de Incêndio
Uma explosão ainda abafada
Que nas fronteiras fechadas
Revela o espectro de um anjo que tomba,
Com os olhos abertos,
Um anão, ainda pequeno e feio.
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